TRANSMAT — Materialidades transnacionais (1850-1930): reconstituir colecções e conectar histórias

Nos museus históricos portugueses, nomeadamente de arqueologia, encontramos diversas colecções estrangeiras com objectos oriundos de Itália, do Egipto, mas também de vários pontos de África, da Ásia, da América e da Oceânia. Como chegaram a Portugal e quando? Quem os recolheu? Com que objectivo foram deslocados dos seus lugares de origem? De que forma foram inseridos nas várias etapas de existência dos museus? Que valores e significados assumiram ao longo do tempo?

A história da ciência tem salientado a importância de conhecer as diferentes trajetórias destes objetos museológicos, a história das suas coleções, os processos de construção de conhecimento científico, os atores invisíveis, bem como os conteúdos programáticos dos museus e os projetos intelectuais, sociais e frequentemente transnacionais dos seus fundadores ou dirigentes.

Neste âmbito o projecto TRANSMAT pretende a compilação e sistematização de dados académicos sobre a circulação de bens culturais e das suas implicações culturais, sociais e políticas. Centrar-nos-emos nas colecções estrangeiras que em contextos museológicos portugueses procuraram representar outros contextos: sejam coleções arqueológicas de contextos geográficos europeus ou africanos (ex. Itália ou Egipto) ou coleções etnográficas e coloniais, então representativas dos designados à época ‘primitivos contemporâneos’. O focus será assim colocado nas importantes, e em parte desconhecidas, coleções transnacionais do Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa) e do Museu Municipal Santos Rocha (Figueira da Foz). Embora diferindo no seu âmbito, um museu nacional e um museu regional, estas instituições partilham o facto de preservarem nos seus acervos coleções arqueológicas, etnográficas/antropológicas de diversas proveniências – que exibem actualmente ou exibiram no passado – com o objectivo de educar e instruir sobre outros tempos históricos ou diferentes contextos humanos e geográficos.

Este projecto propõe assim produzir conhecimentos sobre a história de coleçcões: os seus complexos processos de construção, conhecer os intervenientes e os seus contextos de interferência com o percurso das colecções, identificar os vários níveis de práticas culturais e científicas, entender os objectos, os seus itinerários e os seus múltiplos significados ao longo do tempo e nos vários espaços por onde circularam. A partir de cruzamento de diversas fontes históricas, este projecto irá revelar as conexões entre histórias locais e nacionais com contextos transnacionais.

Financiamento:

Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PTDC/FER-HFC/2793/2020)